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12/03/2021

Maria Isabel: o papel da colchicina como opção de tratamento da COVID-19



Maria Isabel Fernandes Lopes é aluna da pós graduação da FMRP- USP; sob orientação do Dr. Renê D. R. De Oliveira, Reumatologista pela USP – Ribeirão Preto e especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Maria Isabel é autora do trabalho “Beneficial effects of colchicine for moderate to severe COVID-19: A randomised, double-blinded, placebo-controlled clinical trial” e também é preceptora da disciplina de Reumatologia na Faculdade de Medicina de Catanduva – SP. 

Gostaria de agradecer o convite e nessa oportunidade parabenizar a todas as mulheres que buscam fazer um ótimo trabalho em todas as áreas. Quando nos vimos diante de um cenário de pandemia, enquanto reumatologistas e pesquisadores do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCRP-USP), passamos a buscar maneiras de contribuir com o tratamento dessa doença tão impactante na sociedade. E, sob a orientação do Prof. Dr. Renê D. Ribeiro de Oliveira, desenvolvemos o projeto de pesquisa com a colchicina como uma opção de tratamento para a COVID-19, com a finalidade de reduzir os danos provocados pelo vírus no organismo e possibilitar uma recuperação mais rápida dos pacientes.

 A colchicina é um medicamento usado há décadas. Apresenta ação anti-inflamatória ao reduzir a capacidade de ataque de células sanguíneas, como os neutrófilos. Esse medicamento tem seu uso bem estabelecido no tratamento de algumas doenças como a gota, uma condição que provoca inflamação nas articulações. Ao ser identificado que na COVID-19 ocorre grande inflamação nos pulmões, com destaque para o papel dos neutrófilos, a ideia de atuar na redução da capacidade de ataque dessas células – minimizando o dano aos órgãos causados pela infecção – trouxe espaço para a colchicina. 

Em nosso estudo, os pacientes graves internados pela COVID-19, ou seja, aqueles com necessidade de receber oxigênio para respirar melhor, foram divididos em dois grupos; um que recebeu a colchicina e outro que recebeu um placebo (substância sem efeito no tratamento). Vale ressaltar que os pacientes de ambos receberam também as medicações do protocolo institucional do Hospital das Clínicas. O estudo demonstrou que os pacientes que receberam colchicina evoluíram com menor tempo de internação, período mais curto de necessidade de oxigênio e melhora mais rápida dos exames que detectam inflamação, em comparação com indivíduos que receberam o placebo.

Esses efeitos benéficos da colchicina têm relevância para a prática diária na pandemia de COVID-19, por reduzir o tempo de internação, consequentemente diminuindo os custos e a necessidade de leitos hospitalares.

*Artigo científico disponível em:  http://dx.doi.org/10.1136/rmdopen-2020-001455

Entrevistada: Tamara Silva Rodrigues, Doutoranda pela FMRP-USP
Matéria realizada por: Flavio Martins (CRID - Difusão e Ensino) e Andreza Urba (Laboratório de Inflamação e Dor - LID) 

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