30/08/2024
AGOSTO DOURADO: Aleitamento materno e imunidade
O mês de agosto é conhecido como Agosto Dourado por simbolizar a luta pelo incentivo à amamentação – a cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. O aleitamento materno é uma prática que transcende o ato de alimentar, pois influencia profundamente a saúde tanto da mãe quanto do recém-nascido. O estímulo à amamentação está intimamente ligado ao sistema imune, atuando como uma verdadeira linha de defesa para o organismo do bebê e fortalecendo o vínculo entre mãe e filho.
O ministério da saúde que promoveu na primeira semana do mês de agosto a Campanha da Semana Mundial da Amamentação 2024 com o tema "Amamentação, apoie em todas as situações", afirma que o leite materno protege contra diarréias, infecções respiratórias e alergias. Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes, além de haver estudos que levantam a sua possível capacidade em reduzir o risco de desenvolvimento de obesidade infantil. Crianças amamentadas no peito são mais inteligentes e há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo.
O colostro, primeiro leite produzido pela mãe após o parto é rico em proteínas, especialmente imunoglobulinas, como a IgA secretora, que desempenham um papel fundamental na defesa imunológica do recém-nascido. Ele também contém baixos níveis de gordura e lactose em comparação com o leite materno maduro, o que é importante para que o bebê que ainda não tem um sistema digestivo completamente desenvolvido não tenha problemas gastrointestinais.
Além da IgA secretora, o colostro é rico em leucócitos (células brancas do sangue), fatores de crescimento, citocinas e lactoferrina, que ajudam a proteger o bebê contra infecções e doenças. O colostro também possui um alto teor de carotenoides e vitamina A, essenciais para o desenvolvimento visual e um efeito laxativo leve que ajuda o bebê a eliminar o mecônio, que são as primeiras fezes, e a limpar o intestino, reduzindo o risco de icterícia neonatal.
O leite materno maduro é igualmente importante para o desenvolvimento do recém-nascido sendo um composto riquíssimo em água e em nutrientes essenciais indicado como fonte de alimentação exclusiva até os 6 meses de idade. A amamentação exclusiva também promove um microbioma intestinal saudável, essencial para a saúde digestiva e imunológica a longo prazo.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), alguns dos benefícios proporcionados pelo aleitamento são:
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O aleitamento materno ajuda a prevenir sobrepeso e diabetes tipo 2 na infância
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O aleitamento materno por seis meses ou mais está associado a uma redução de 19% no risco de leucemia infantil, em comparação com um período mais curto ou não amamentando.
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Bebês que são amamentados têm um risco 60% menor de morrer por síndrome de morte súbita infantil em comparação com aqueles que não são amamentados.
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Além de fornecer a nutrição necessária e a proteção contra infecções, os componentes do leite materno provavelmente afetam a programação epigenética em um momento crítico em que a expressão gênica está se desenvolvendo pelo resto da vida.
O aleitamento materno: uma política imperativa de saúde pública
O aleitamento materno é uma questão de saúde pública e um direito biologicamente determinado de acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de órgãos de saúde nacionais, como o Ministério da Saúde do Brasil. Ao considerarmos o aleitamento materno como uma política de saúde pública, estamos reconhecendo sua importância não apenas para a saúde individual do bebê e da mãe, mas também para o bem-estar coletivo.
A adoção do aleitamento como uma política pública, portanto, se justifica pela capacidade de reduzir a carga sobre os sistemas de saúde. Menores taxas de doenças entre bebês amamentados implicam menos hospitalizações e tratamentos médicos, o que representa economia de recursos públicos.
"Se houvesse uma nova vacina que evitasse 1 milhão ou mais de mortes de crianças por ano, e fosse barata, segura, administrada por via oral e não precisasse de uma cadeia de frio, seria uma política imperativa de saúde pública. A amamentação pode fazer isso e muito mais." (OPAS, 2024)
O aleitamento materno também protege as mães
Mulheres que amamentam têm um risco 32% menor de diabetes tipo 2, um risco 26% menor de câncer de mama e um risco 37% menor de câncer de ovário, em comparação com mulheres que não amamentam ou que amamentam menos.
O Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno fornece diretrizes para prevenir a comercialização inadequada de substitutos do leite materno, incluindo fórmulas infantis, mamadeiras, bicos, leites de transição e produtos relacionados.
O professor José Simon associado do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) ressalta que o Brasil tem a maior rede de bancos de leite do mundo, porém faltam estímulos para a amamentação. O professor defende um tempo maior de licença maternidade e considera absurdo condenar a prática em locais públicos, uma vez que se trata de uma atividade natural do desenvolvimento humano. Quanto aos desafios físicos que a mulher enfrenta ao amamentar, ele explica que tudo depende de uma orientação médica adequada. O professor esclarece que, se feito corretamente, entre cinco e dez minutos o bebê consome mais de 90% do leite da mama, desde que ele não durma no peito.
Saiba mais acessando a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no SUS - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB) do Ministério da Saúde..
https://www.fadc.org.br/noticias/agosto-dourado-conscientizacao-e-incentivo-ao-aleitamento-materno
https://www.paho.org/pt/topicos/aleitamento-materno-e-alimentacao-complementar
https://www.saude.ce.gov.br/2019/08/22/leite-materno-e-fundamental-na-prevencao-de-alergias-alimentares-em-bebes/
https://www.scielo.br/j/rsp/a/tbHrvyfZY63NWK9RQSqJnYm/#
https://jornal.usp.br/atualidades/aleitamento-materno-e-questao-de-saude-publica/
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