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06/06/2023

Desafios da Carreira Acadêmica no Brasil

Brasil precisa tornar carreira acadêmica mais atrativa para jovens talentos 

No documento, os autores do textos focam na necessidade de desenvolvimento de programas que sejam atrativos para reter os cientistas formados nos últimos dez anos. Apesar de o Brasil ter dobrado o número de doutores nos últimos 20 anos, os cortes orçamentários realizados desde 2015 prejudicaram todo o cenário de ciência e tecnologia do país. Uma pesquisa da FAPESP alerta que, também por influência da pandemia, o número de doutores graduados em 2020 e 2021 foi pouco mais de 20 mil, sendo 4 mil a menos do que foi constatado em 2019. 

De acordo com a biomédica Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências, a redução de recursos para a pesquisa, somada ao congelamento do valor das bolsas de mestrado e doutorado são alguns dos motivos da redução dos formandos. Outro ponto, levantado pela economista Fernanda De Negri, do Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade do Ipea, é a necessidade de mapeamento acerca dos recursos humanos e de infraestrutura no país. De Negri aborda também a questão de que há anos não são publicados editais para renovação de laboratórios de instituições públicas que enfrentam o risco de ficarem obsoletos, evidenciando um descaso governamental com a área de pesquisa, ciência e tecnologia. 

 

Fuga de cérebros vs Falta de valorização 

Muitos dos cerca de 100 mil cientistas em início de carreira estão sem emprego ou em trabalhos nos quais sua formação acadêmica não é demandada. Ou seja, o país conta com mão de obra altamente qualificada, proveniente de investimento de dinheiro público que acaba não achando espaço para aplicar tudo que estudou. Estima-se que em 2019, a taxa de desemprego de cientistas em início de carreira era 12 vezes mais alta que a média global.

 

A FAPESP com os programas Jovem Pesquisador, Projeto Geração e bolsas bem mais expressivas do que as do sistema federal colabora para tornar o cenário um pouco melhor para pesquisadores(as) brasileiros, entretanto, a falta de reajuste no valor das bolsas em escala federal segue dificultando sua retenção, ocasionando então no famoso fenômeno da fuga de cérebros. 

Entretanto, é importante ressaltar que apesar de as bolsas da FAPESP apresentarem valor mais competitivo, sua demanda também caiu em 30% nos últimos dois anos. O fenômeno de desinteresse das pessoas mais jovens pela carreira científica é global e de acordo com especialistas deve ser levado em consideração na hora de elaborar e aplicar programas que visam fomentar essa área no país e no mundo. 

 

Países como os Estados Unidos tentam minimizar o impacto deste desinteresse atraindo jovens altamente qualificados de diversas partes do mundo, na China houveram incentivos para fomentar o retorno de pesquisadores que saíram do país. Os autores da carta ressaltam que a atração de jovens pesquisadores para o Brasil é essencial para cumprir compromissos que já foram firmados, como as metas do acordo climático de Paris, o Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

No nosso mais recente CRID News, entrevistamos pesquisadores e pesquisadoras do CRID em diversos estágios da carreira, desde o início até maior consolidação para entender mais a fundo sobre os desafios de seguir o caminho da ciência no Brasil!

 

Confira o vídeo nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=GE1SNsRJ19c

A carta referida nesta matéria pode ser acessada em:  ttps://www.science.org/doi/10.1126/science.adg4131 

 

Fontes:

https://revistapesquisa.fapesp.br/crise-na-geracao-de-recursos-humanos

https://revistapesquisa.fapesp.br/bases-para-reconstruir-a-capacidade-cientifica-do-brasil/

https://agencia.fapesp.br/carreira-academica-precisa-se-tornar-mais-atrativa-e-capaz-de-reter-jovens-talentos-defendem-cientistas/40725/#.ZASQ4lU-k3M.whatsapp 

https://www.science.org/doi/10.1126/science.adg4131

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