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20/11/2023

Dia da consciência Negra

 

 

História da Luta

Em 1971, um coletivo de jovens afrodescendentes se reuniu em Porto Alegre para contestar a legitimidade do 13 de maio, data da promulgação da Lei Áurea, que até então era vista como símbolo de comemoração para a comunidade negra. Em vez disso, propuseram o reconhecimento do dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, como uma forma de enfatizar a liderança na luta dos libertos e promover a reflexão sobre as questões raciais.  Após cinco décadas da germinação dessa semente, o Senado aprovou o projeto de lei (PLS) 482/2017 que oficializa o 20 de novembro como feriado nacional, fortalecendo assim a batalha pela igualdade racial no Brasil.

Entrentato, é sabido que, apenas 135 anos de libertação, ainda não fora o suficiente para libertar a sociedade dos efeitos que 350 anos de escravidão no Brasil causaram. Isso se reflete em questões políticas, sociais, econômicas e é responsável por perpetuar desigualdades raciais no País, mesmo que em 2022 56% da população seja autodeclarada preta e parda.

Comumente, grandes nomes Brasileiros, artistas, intelectuais, cantores entre outros, ainda são imaginatóriamente relacionados à figura do homem branco cis. A partir disso, buscando promover a quebra do imaginário popular, para comemorar o Dia da Consciência Negra, a equipe do CRID buscou enaltecer grandes personalidades pretas, que revolucionaram a ciência, a academia e a vida das pessoas e que muitas vezes não são faladas ou lembradas.  

 

Jaqueline de Goes de Jesus - Sequenciamento do COVID-19

Biomédica, doutora em patologia humana e cientista brasileira, Jaqueline de Goes de Jesus foi a cientista responsável pelo sequenciamento dos primeiros genomas do SARS-Cov-2, o vírus causador da COVID-19. A descoberta foi feita em 48h enquanto a média no restante do mundo foi de 15 dias. Este mapeamento é uma técnica utilizada para entender quais bases nitrogenadas, ou melhor, para entender dentro do alfabeto do vírus quais são as letras que compõem seu material genético e em que ordem elas aparecem a fim de se obter mais informação sobre esse vírus. Desacreditada em vários momentos da sua trajetória em virtude do contexto social em que vivia, a história de Jaqueline na ciência começa em 2008, na sua graduação em biomedicina pela Universidade Federal da Bahia, e, desde então, ela pôde aprimorar essa técnica na Inglaterra, país criador dessa tecnologia, e difundir esse conhecimento em território nacional.

Foto: UFBA


Gladys Mae West - Possibilitou a localização por satélite (GPS)

Se hoje você pode se localizar com facilidade no trânsito, é porque a programadora norte-americana Gladys Mae West deixou um grande legado para a tecnologia. Nascida em 1930 e vinda de uma família de trabalhadores agrícolas, West era uma aluna brilhante e, graças ao seu desempenho escolar, conseguiu uma bolsa de estudos na Universidade da Virgínia, formando-se mais tarde em matemática. Foi a segunda mulher negra a trabalhar na base naval de Dahlgren, onde atuou por 42 anos com localização espacial de satélites. Já em 1980, realizou seu maior trabalho: um guia sobre como melhorar a precisão dos estudos com base nas informações coletadas por satélites. Por essas contribuições, recebeu prêmios e foi nomeada diretora do projeto do primeiro satélite a fazer um mapeamento dos oceanos via radar.

Imagem: Adrian Cadiz/Secretary of the Air Force Public Affairs

 

Jane Cooke Wright - “Mãe da Quimioterapia”
Nascida nos Estados Unidos em 1919, Jane Cooke Wright estudou artes e também medicina no New York Medical College. Iniciou, anos depois, sua pesquisa na área do câncer se tornando um dos principais nomes nessa área. Pioneira e conhecida como a “mãe da quimioterapia”, ela era a única afro-americana fundadora da Sociedade Americana de Oncologia Clínica e também foi a primeira mulher presidente da Sociedade do Câncer de Nova Iorque, ultrapassando as barreiras da discriminação racial da época. Uma marca de sua carreira foi o uso de cultura de tecidos humanos no lugar de ratos de laboratório para testar os efeitos de potenciais drogas no tratamento de células cancerígenas. Suas contribuições para o desenvolvimento da quimioterapia ajudaram a mudar a face da medicina e continuam a ser usadas até hoje.

Foto: MT ciências.


Este trabalho foi realizado em conjunto com o Projeto de Cultura e Extensão Ciência por Aí. Um vídeo foi desenvolvido perguntando para pessoas do público geral quem são essas personalidades acima citadas e quais foram suas contribuições. O vídeo pode ser acessado nos seguintes perfis do instagram: crid.fmrp.usp.br e cienciaporai_

 

FONTES:

Senado Federal Brasil. Dia da Consciência Negra: 50 anos liberdade conquistada não concedida. [online] 2021. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/11/dia-da-consciencia-negra-50-anos-liberdade-conquistada-nao-concedida\>.

Agenda Bonifácio. O Brasil ficou 350 anos viciado na escravidão porque todos os ciclos econômicos foram construídos com mão de obra escrava, diz o jornalista e escritor Laurentino Gomes. [online] Disponível em: <https://agendabonifacio.com.br/entrevistas/o-brasil-ficou-350-anos-viciado-na-escravidao-porque-todos-os-ciclos-economicos-foram-construidos-com-mao-de-obra-escrava-diz-o-jornalista-e-escritor-laurentino-gomes/#:~:text=Ele%20est%C3%A1%20solidamente%20plantado%20na,anos%20sob%20um%20regime%20escravocrata\>

Fundação Oswaldo Cruz. Especial: O Ministério da Saúde e o PNI: a cor da desigualdade, a política de saúde integral da população negra. [online] Disponível em: <https://www.coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/2478-especial-o-ministerio-da-saude-e-o-pni-a-cor-da-desigualdade-a-politica-de-saude-integral-da-populacao-negra.html#:~:text=Segundo%20dados%20da%20Pesquisa%20Nacional,2022%20(IBGE%2C%202022b)\>.

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