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18/11/2021

DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

20 de novembro é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra, a data foi criada em 2003 e recorda o dia em que o líder na luta por igualdade, Zumbi dos Palmares, foi assassinado em um refúgio de escravos. Desde então, o mês de novembro é marcado por reflexões acerca de temas como racismo, discriminação, igualdade social, inclusão do negro na sociedade, religião e cultura afro-brasileiras. Nessa perspectiva, convidamos Ester Barreto, Pesquisadora do CRID, para comentar o Cenário da Ciência Brasileira nos últimos anos para cientistas negros.

Pesquisadora do CRID Ester Barreto

Segundo o estudo do Instituto de Pesquisas Aplicadas, o Ipea, intitulado “Ação Afirmativa e População Negra na Educação Superior: Acesso e Perfil Discente”, de 2020, houve um aumento de pessoas negras no ensino superior no Brasil, um crescimento de 22% em 2012 para 44% em 2015. Pessoalmente vejo com grande alegria esses dados, pois quando ingressei na universidade para cursar Farmácia, o cenário era bem distinto.

Entrei na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) em 2005, naquela época, havia apenas uma instituição pública de ensino superior no estado do Rio de Janeiro, de onde sou, que possuía o sistema de cotas: a UERJ, que implementou esta política a partir do vestibular de 2003. Em 2006, apenas 21,4% dos estudantes da UFRJ eram negros. Eu não precisava desses dados para saber que éramos minoria naquele espaço. Ser uma das poucas ou, em algumas ocasiões, a única pessoa negra do ambiente, era uma realidade desconfortável, que vivi ao longo de minha formação acadêmica em diversas instituições de pesquisa. Uma espécie de solidão, uma inquietação motivada pelo fato de parecer não pertencer àqueles lugares. Então para romper com a lógica de que eu não conseguia me enxergar naqueles lugares, pois não existiam pessoas parecidas comigo. Tive que buscar ativamente referências de cientistas, pesquisadoras e professoras universitárias negras e negros para me espelhar e continuar acreditando que o espaço acadêmico também poderia ser o meu espaço.

Hoje, vejo com muita alegria e esperança pessoas negras na ciência ganhando destaque como as pesquisadoras Jaqueline Goes de Jesus - uma das responsáveis pelo sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2, e o pesquisador Rômulo Neris, agraciado com uma bolsa da Dimensions Sciences para realizar uma pesquisa em COVID-19, além de se destacar na internet combatendo informações falsas. A lista vem crescendo, o que me faz ter esperança - mesmo neste ano tão difícil, marcado por uma onda de retrocessos, discursos negacionistas, desmonte da ciência - a continuar tendo esperança nos avanços da luta antirracista no Brasil e no avanço da pesquisa científica.

 

 

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