30/11/2017
Discussão de Artigo Científico – 04-12
DIA: 04/12/2017 (segunda-feira)
LOCAL: Anfiteatro Pedreira de Freitas – Prédio Central – FMRP
HORÁRIO: 11:00 horas
No que diz respeito às células T reguladoras, sabe-se que estas representam um importante eixo na tolerância imunológica e prevenção de autoimunidade, bem como na regulação da resposta imunológica frente à infecção e manutenção da homeostasia. Para que esta célula exerça sua função moduladora, torna-se necessária a sua migração para o sítio inflamado. Neste contexto, Kishore e colaboradores, em um artigo pulicado na Immunity, buscaram entender quais alterações metabólicas ocorreriam nas células T reguladoras durante este processo. Artigos publicados no início dessa segunda década descreveram que os linfócitos T reguladores apresentaram um desvio metabólico que priorizava a oxidação de ácidos graxos como fonte de energia que, por sua vez, estava envolvido com a estabilidade da expressão de foxp3. De maneira contrária, células T CD4+ efetoras utilizaram majoritariamente a via glicolítica aeróbica para exercer sua função efetora, seja para a produção de citocinas ou para sua migração para o sítio alvo durante uma resposta imunológica. Vale lembrar que tal reprogramação metabólica, em linfócitos, depende majoritariamente da coestimulação via CD28, a qual resulta na ativação do eixo Pi3K/AKT/mTOR. Ao manipular a ativação de CD28 em células T reguladoras, portanto, Kishore e colaboradores demonstraram que tal coestimulação resultou na migração de células T reguladoras em ensaios transwell, à favor do gradiente quimiotático (CCL22), e em diferentes modelos experimentais in vivo, devido à acentuação da glicólise aeróbica nessas células. Demonstrou-se, assim, de maneira inédita, que a glicólise é fundamental para a função supressora das células Treg ao favorecer a sua migração para o foco inflamatório. Em relação à via de sinalização intracelular que resulta nesse fenômeno, o grupo identificou a enzima glucoquinase (GCK), que até então conhecia-se sua função somente em hepatócitos, como sendo a principal molécula que medeia a glicólise em Tregs mediante ativação de mTORC2. Por fim, o grupo demonstrou que esta enzima, ao colocalizar-se com os finalmentos de actina, favorece o rearranjo estrutural das Tregs durante a migração para o foco inflamatório. A suposta seletividade desta via na regulação da motilidade de células T reguladoras aponta GCK como um importante alvo terapêutico no tratamento de doenças de caráter inflamatório.
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