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22/04/2019

Discussão de Artigo Científico – 26/04/2019

DIA: 26/04/2019 (Sexta-feira)

LOCAL: Salão Nobre – Prédio Central – FMRP

HORÁRIO: 11h00

Artigo

INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

Palestrante: Luis Eduardo Alves Damasceno – Doutorando do Programa de Imunologia Básica e Aplicada, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP.

Paper: Ito, M., K. Komai, S. Mise-Omata, M. Iizuka-Koga, Y. Noguchi, T. Kondo, R. Sakai, K. Matsuo, T. Nakayama, O. Yoshie, H. Nakatsukasa, S. Chikuma, T. Shichita, and A. Yoshimura. 2019. Brain regulatory T cells suppress astrogliosis and potentiate neurological recovery. Nature. 565:246–250. doi:10.1038/s41586-018-0824-5.

O acidente vascular cerebral (AVC) decorre de uma interrupção do suprimento sanguíneo ao tecido cerebral, sendo a segunda maior causa de morte mundo e gerando graves consequências neurológicas nos sobreviventes ao ataque. Após a isquemia (cerca de 85% dos casos de AVC), a área infartada é caracterizada por intensa morte neuronal em decorrência da interrupção da produção de energia. Esse processo culmina em inflamação local com ativação microglial e recrutamento de células da imunidade inata e adaptativa, as quais passam a produzir uma variedade de mediadores que exacerbam a degradação tecidual. Os astrócitos também se tornam responsivos a vários desses mediadores, os quais induzem intensa proliferação (astrogliose) e shift para produção de moléculas neurotóxicas e que inibem a regeneração dos axônios, contribuindo negativamente para a recuperação neurológica pós-AVC. Foi demonstrado previamente que células Treg infiltram a região infartada durante a fase aguda, entretanto o fenótipo e o papel destas células na fase crônica de recuperação eram desconhecidos. Assim, Ito e colaboradores buscaram caracterizar as células Treg do cérebro após AVC, e suas funções para recuperação neurológica. O grupo observou um acúmulo progressivo de células Treg no cérebro durante a fase crônica pós-isquemia, as quais parecem suprimir a ação neurotóxica de astrócitos. Estas células demonstraram ser TCR-específicas a antígenos do sistema nervoso, entretanto, a geração dessa especificidade ainda está pouco clara. Essas Treg iniciam sua proliferação ainda nos linfonodos cervicais antes de migrarem para o cérebro, onde se expandem. O grupo observou que os receptores de quimiocinas CCR6 e CCR8 e seus ligantes CCL1 e CCL20, respectivamente, são essenciais para esse processo de migração durante a fase crônica do AVC. Embora o transcriptoma dessas células tenha revelado um fenótipo semelhante às células Treg do tecido adiposo visceral e muscular, os autores observaram uma alta expressão de genes específicos do sistema nervoso, incluindo o gene do receptor de serotonina 5-HT7 (Htr7), que se demonstrou importante para a expansão local destas células. Adicionalmente, IL-2 e IL-3, via seus receptores, também dão suporte a proliferação das Treg no cérebro. Mecanisticamente, essas Tregs são capazes de reduzir a astrogliose por meio da produção de anfiregulina (AREG), a qual tem sido amplamente relacionada ao reparo tecidial em diferentes contextos. No caso do AVC, os autores descobriram que AREG regula a astrogliose por reduzir a ativação do eixo IL-6/STAT3 nestas células gliais. Esses achados sugerem que células Treg do cérebro desempenham um papel essencial durante a fase crônica do AVC, regulando a astrogliose e promovendo a recuperação neurológica.

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