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09/09/2019

Doença de Chagas

A doença de Chagas ou tripanossomíase americana é uma das principais enfermidades causadas por protozoários na América Latina. Estima-se que existam aproximadamente 12 milhões de portadores da doença crônica nas Américas, cerca de dois a três milhões no Brasil, os quais se somam cerca de 300 mil novos casos da doença a cada ano. Em abril de 1909, Carlos Chagas (1878-1934) comunicou a descoberta em Lassance, Minas Gerais, de uma nova doença tropical, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi (também descrito por ele em 1808) e transmitido por um inseto hematófago popularmente conhecido como barbeiro, que proliferava nas casas de pau a pique típicas das populações pobres nas áreas rurais. Os vetores são os mosquitos triatomíneos (família Reduviidae), como Triatoma infestans. Qualquer mamífero pode albergar o parasito, enquanto aves e répteis são refratários à infecção. Os principais reservatórios no ciclo silvestre são gambás, tatus, ratos, entre outros. No ciclo doméstico, em função da proximidade das habitações do homem com o ambiente silvestre, os reservatórios do protozoário são seres humanos e mamíferos domésticos, como cães, gatos e porcos.

O triatomínio transmissor se infecta com o parasita quando suga o sangue de um animal contaminado. A doença de Chagas é transmitida ao ser humano quando a pessoa coça o local da picada e os parasitas das fezes, eliminadas pelo barbeiro, penetram pelo orifício da picada ou nas mucosas.
A transmissão pode também ocorrer por transfusão de sangue contaminado, por transplante de órgãos e durante a gravidez, da mãe para filho. No Brasil, foram registrados casos da infecção transmitida por via oral nas pessoas que tomaram caldo de cana ou comeram açaí moído. Embora não se imaginasse que isso pudesse acontecer, o provável é que haja uma invasão ativa do parasita diretamente através do aparelho digestivo nesse tipo de transmissão.

Os sinais e sintomas da doença incluem: febre, mal-estar, inflamação e dor nos gânglios, vermelhidão, inchaço nos olhos (sinal de Romaña), aumento do fígado e do baço.
O período de incubação compreende cinco a 14 dias após a picada e o diagnóstico é feito através de exame de sangue, que deve ser prescrito, principalmente, quando um indivíduo vem de zonas endêmicas e apresenta os sintomas acima relacionados.

Superada a fase aguda, aproximadamente 60% – 70% dos infectados evoluirão para uma forma indeterminada, sem nenhuma manifestação clínica da doença de Chagas. O restante, entre 30 % a 40 %, desenvolverá formas clínicas crônicas, de acordo com as complicações apresentadas: cardíaca, digestiva ou mista (com complicações cardíacas e digestivas).
O tratamento disponível, embora pouco eficaz na fase crônica, e com muitos efeitos colaterais, é realizado com o medicamento chamado benzonidazol, fornecido pelo Ministério da Saúde, às Secretarias Estaduais de Saúde. Todos os pacientes na fase aguda devem receber o tratamento.

O Laboratório de Imunoparasitologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo estuda os mecanismos envolvidos na resposta imune inata e adquirida que levam a proteção ou a patogenia da doença e testamos novas drogas como potenciais terapias para esta doença.

Mais informações: CDCPubMedWHOPortal da Saúde

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