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06/08/2021

Estudo aponta que o hábito de fumar acelera o crescimento de tumores

No câncer, o escape da resposta imune é essencial para o crescimento dos tumores. Esse escape, envolve o contato célula-célula, a liberação de mediadores solúveis, como as citocinas e a participação de vesículas extracelulares (VEs). As VEs, através da liberação do seu conteúdo em células alvo, são um importante mecanismo de comunicação celular capaz de reprogramar as células do sistema imune do indivíduo, tornando-as incapazes de eliminar o tumor.

É bem conhecido que o tabagismo desempenha um papel chave na indução de mutações que levam células a transformação neoplásica maligna. No entanto, sabe-se que o tabagismo também é um potente modificador do sistema imune, influenciando a função e ativação de diferentes subtipos celulares, produção de mediadores inflamatórios e a liberação do conteúdo de VEs. Neste contexto, considerando que o efeito do tabagismo sobre a resposta imune e sua importância na progressão dos tumores ainda não é completamente conhecida, o presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de investigar os efeitos da exposição à fumaça do cigarro na liberação de VEs pelas células tumorais e suas funções na resposta imune antitumoral.

O estudo foi desenvolvido pela aluna de graduação Fernanda Turaça sob a orientação do Prof. Fernando Cunha e co-orientação da Dr. Paula Barbim Donate e Dr. Carlos Wagner Wanderley. Observou-se que os animais com melanoma (tumor de pele) ou câncer de mama expostos à fumaça do cigarro possuem tumores maiores em relação ao grupo controle exposto ao ar. Além disso, em cultura, as células tumorais de melanoma cultivadas na presença de um meio enriquecido com componentes da fumaça do cigarro apresentaram aumento na expressão da proteína PD-L1, uma importante proteína reguladora da atividade das células do sistema imune. Essa exposição aos componentes da fumaça do cigarro também foi capaz de interferir na expressão de microRNAs específicos como o miR-16, miR-320a e o miR-210 presentes no interior das VEs, apesar de não influenciar no tamanho e a quantidade dessas vesículas liberadas pelas células tumorais. De maneira interessante, a presença das VEs liberadas pelas células tumorais foi capaz de alterar a diferenciação de células T CD4+ do perfil Th9, conhecidas por sua função antitumoral, para um perfil regulador (T CD4+ Foxp3+), capazes de contribuir para o escape tumoral. O aumento de células T CD4+ Foxp3+ foi ainda mais significativo na presença de vesículas liberadas por células tumorais cultivadas na presença dos componentes da fumaça do cigarro. Acreditamos que essa função seja mediada em parte pela ação dos microRNAs descritos, devido às suas funções descritas no processo de diferenciação celular e regulação do sistema imune. Os dados do presente estudo podem auxiliar na melhor compreensão de como o hábito de fumar contribui para o crescimento de tumores através da identificação de novos mecanismos envolvidos na modulação do sistema imune.

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