Estudo mostra eficácia prolongada da vacina do Instituto Butantan contra a Dengue

O Instituto Butantan divulgou recentemente novos resultados promissores da fase 3 da sua vacina contra a dengue, publicados na prestigiada revista The Lancet Infectious Diseases. Os dados apontam que o imunizante oferece 89% de proteção contra formas graves da dengue e casos com sinais de alerta, com eficácia e segurança mantidas por até cinco anos.

A pesquisa envolveu 16 mil voluntários que participaram do estudo entre fevereiro de 2016 e julho de 2019, com análises acompanhando os participantes até julho de 2021, resultando em uma média de 3,7 anos de monitoramento. Durante esse período, o risco de contrair dengue sintomática foi significativamente maior entre aqueles que receberam placebo em comparação com os vacinados. A eficácia geral da vacina contra a dengue sintomática foi de 67,3%, sendo mais alta contra o sorotipo DENV-1 (75,8%) e mais baixa contra o DENV-2 (59,7%).

A vacina também se mostrou segura em toda a faixa etária de 2 a 59 anos, independentemente de histórico prévio de infecção por dengue. Esses achados são particularmente notáveis, considerando que não foram observadas novas preocupações de segurança, mesmo após o acompanhamento prolongado dos participantes, algo que difere de outros estudos de vacinas contra a dengue.

Outro destaque do imunizante do Butantan é o esquema de dose única, que pode simplificar a adesão e a logística de vacinação, tornando-o mais acessível à população. Em contraste, outras vacinas disponíveis no mercado requerem múltiplas doses para alcançar a mesma proteção.

Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde incorporou a primeira vacina contra a dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS), destinada a crianças de 10 a 14 anos. No entanto, a dengue continua sendo um desafio significativo para a saúde pública, com o estado de São Paulo registrando 2 milhões de casos e 1.500 mortes até agosto de 2024, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

O desenvolvimento da vacina do Instituto Butantan é fruto de uma colaboração com o Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, que forneceu as cepas virais utilizadas no imunizante. Desde 2009, o Butantan vem conduzindo ensaios clínicos em parceria com o NIH, com a fase 3 em andamento desde 2016 no Brasil. A primeira parte dos resultados dessa fase, publicada no início do ano no New England Journal of Medicine, já havia demonstrado uma eficácia geral de 79,6% ao longo de dois anos.

O sucesso contínuo da vacina do Butantan reflete o avanço da indústria nacional no desenvolvimento de imunobiológicos. Em 2018, o instituto firmou um acordo inédito com a farmacêutica multinacional MSD para o desenvolvimento conjunto e compartilhamento de dados, com o objetivo de acelerar a produção e registro da vacina tanto no Brasil quanto no exterior.

Essa parceria e os resultados positivos até agora reforçam a esperança de que a vacina do Butantan se torne uma ferramenta essencial na luta contra a dengue, beneficiando milhões de pessoas ao redor do mundo.

Fonte de reprodução:
https://butantan.gov.br/noticias/em-novo-estudo-vacina-do-butantan-mostra-89-de-protecao-contra-dengue-grave-e-com-sinais-de-alarme