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10/10/2023

Nobel de Medicina 2023

O Prêmio Nobel Medicina foi concedido nesta segunda-feira (2) aos cientistas Katalin Karikó e Drew Weissman por seus estudos que permitiram o desenvolvimento de vacinas eficazes contra a Covid-19.

Juntos, eles encontraram uma maneira de modificar o mRNA. Essa tecnologia revolucionária foi descoberta há mais de 15 anos e possibilitou a produção, em tempo recorde, de vacinas a partir de material sintético. Segundo o comitê organizador, a premiação tem a ver com as "descobertas relacionadas às modificações nas bases nucleotídicas que permitiram o desenvolvimento das vacinas de mRNA contra a covid-19".

 

Entenda a seguir como o trabalho de pesquisa deles serviu de base para as vacinas de mRNA, que fizeram a estreia mundial durante a pandemia de covid-19.


 

Como a pesquisa de Karikó e Weissman ajudou na pandemia?

As possibilidades terapêuticas do mRNA

O primeiro ponto é entender como o mRNA funciona:

  • Todas as células do nosso corpo carregam dentro do núcleo o genoma completo, o DNA.

  • Nesse conjunto de cromossomos, estão "gravadas" as informações sobre nós que definem, além de nossas características físicas, a propensão para algumas doenças.

  • O DNA não faz nada sozinho. Ele envia comandos às nossas células, espalhando uma “cópia de si mesmo”. Essa "cópia" genética é o RNA mensageiro, ou mRNA.

  • Esse material, então, sai do núcleo e viaja até os ribossomos, no citoplasma da célula. Essa estrutura lê o que está na "cópia" e fabrica uma proteína específica relacionada àquele comando.

 

Desde que esse mecanismo foi conhecido, a partir dos anos 1960, os cientistas começaram a se perguntar: será que é possível aproveitar essas "mini-impressoras" que carregamos dentro das células para produzir proteínas específicas?

O objetivo era que essas proteínas tivessem algum fim terapêutico, e pudessem servir para gerar uma resposta do sistema imunológico — o que permitiria combater o crescimento de um tumor ou a invasão de um vírus mortal, por exemplo.

 

As dificuldades 

Porém, a ideia não funcionou logo de cara. A principal barreira a ser superada tinha a ver com o fato de o mRNA ser uma molécula muito frágil — como se trata apenas de uma mensageira, ela logo se degrada no organismo. Nos primeiros experimentos, os mRNAs sintetizados em laboratório sequer conseguiam chegar perto das células. Eles estragavam pelo caminho, antes de cumprir a missão para o qual foram projetados.

 

Além disso, esses compostos se mostraram altamente inflamatórios. Eles geraram uma reação imunológica forte, que colocava em risco o próprio uso desse princípio na medicina.

 

Essas dificuldades foram superadas graças a dois trabalhos importantíssimos, sendo o primeiro deles, comandado pelo médico americano Drew Weissman e pela bioquímica húngara Katalin Karikó, descobriu que algumas modificações básicas na estrutura do mRNA poderiam deixá-lo menos inflamatório. Esse trabalho científico foi fundamental para a viabilização da produção e do uso das vacinas que usam a tecnologia de mRNA, e rendeu à dupla o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2023!

 

O uso das vacinas de mRNA na Pandemia do COVID 19

Ainda que os testes clínicos com as primeiras vacinas de mRNA tenham começado no início dos anos 2000, a comunidade científica esperava que as primeiras versões comercialmente disponíveis, aprovadas pelas agências regulatórias, só chegassem ao mercado em meados de 2025. Até que veio a Covid-19 e tudo mudou. A emergência da pior pandemia em um século exigiu que muitos especialistas mudassem os planos e começassem a estudar um vírus absolutamente novo: o Sars-CoV-2.

 

Assim que o sequenciamento genético do causador da Covid foi concluído, ainda em janeiro de 2020, os grupos que já trabalhavam com imunizantes de mRNA para outros patógenos (como o vírus sincicial respiratório) direcionaram os esforços para o novo coronavírus.

 

Em março daquele mesmo ano, os primeiros estudos clínicos dessas vacinas começaram a acontecer. Dez meses depois, em dezembro, a Food and Drug Administration (FDA), a agência regulatória dos EUA, aprovou os dois produtos com a tecnologia mRNA desenvolvidos e testados pelas farmacêuticas Moderna e Pfizer/BioNTech. Pouco depois, eles também foram liberados em outras partes do mundo — no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu sinal verde para o uso do imunizante da Pfizer em 23 de fevereiro de 2021.

 

Essa foi a primeira vez na história que uma vacina de mRNA — baseada nos trabalhos pioneiros de Karikó e Weissman — chegou ao braço das pessoas fora do ambiente das pesquisas científicas.


 

Uma revolução na área da imunologia

A partir dos estudos que tornaram a produção e utilização do mRNA eficaz, a ciência está diante de uma ferramenta potente e poderosa!

 

“Trabalhar com o mRNA é algo relativamente simples e rápido. Basta fazer o download da sequência genética no computador e pedir para uma bioimpressora imprimir este material. Você consegue produzir toneladas dele sem a necessidade de usar uma única célula” - comentou o biomédico Joel Rurik, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, numa entrevista à BBC News Brasil em maio de 2023.

 

Esta seria uma estratégia eficaz do ponto de vista dos custos, estável, com facilidade de distribuição e que pode ser usada de forma mais ampla ou fácil que muitas ferramentas terapêuticas ou de engenharia imunológica! Desta forma a descoberta abriu um amplo leque de possibilidades da utilização desta técnica para fins terapêuticos, e revolucionou a área da imunologia!


 

Referências: 

 

G1. Nobel de Medicina 2023: A história dos cientistas que ganharam o prêmio pela tecnologia que levou às vacinas de Pfizer e Moderna. Disponível em: <https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2023/10/02/nobel-de-medicina-2023-a-historia-dos-cientistas-que-ganharam-o-premio-pela-tecnologia-que-levou-as-vacinas-de-pfizer-e-moderna.ghtml>. Acesso em: 02 out. 2023.

 

Veja. Nobel de Medicina 2023: Vacina Covid. Disponível em: <

https://veja.abril.com.br/saude/nobel-de-medicina-2023-vacina-covid >. Acesso em: 02 out. 2023.

 

G1. Nobel de Medicina 2023 vai para Katalin Karikó e Drew Weissman. Disponível em: <

https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2023/10/02/nobel-de-medicina-2023-vai-para-katalin-kariko-e-drew-weussnab.ghtml >. Acesso em: 02 out. 2023.

 

BBC. Nobel de Medicina 2023: Pesquisa que possibilitou o desenvolvimento da vacina contra a Covid-19. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4nx3ee5x94o>. Acesso em: 02 out. 2023.

 

Jornal Unesp. Prêmio Nobel de Medicina reconhece pesquisas que possibilitaram o desenvolvimento da vacina contra a Covid-19. Disponível em: <https://jornal.unesp.br/2023/10/02/premio-nobel-de-medicina-reconhece-pesquisas-que-possibilitaram-o-desenvolvimento-da-vacina-contra-a-covid-19/>. Acesso em: 02 out. 2023.

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