29/03/2024
Nova tecnologia capaz de detectar leptospirose no início é desenvolvida pelo Instituto Butantan
Nova tecnologia capaz de detectar leptospirose no início é desenvolvida pelo Instituto Butantan
O teste convencional utilizado até então só identificava anticorpos quando a infecção já estava avançada, prejudicando o prognóstico e o tratamento.
A inovação em questão se trata de uma proteína quimérica que se mostrou superior ao teste padrão atualmente recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Sendo considerada uma doença negligenciada e subnotificada, a leptospirose atinge por ano a marca de 500 mil novos casos, com taxas de mortalidade oscilando de 10% a 70% em casos mais graves. Dito isso, ainda em fase inicial, a nova descoberta detectou a doença em mais de 70% dos pacientes que tinham obtido falso negativo nos primeiros dias de sintomas.
Um pouco sobre a doença
Transmitida por bactérias do gênero Leptospira, a leptospirose é uma doença que ocorre tanto em humanos como em animais. A contaminação de pessoas é mais comum em épocas de chuva intensa e enchentes, por meio do contato com a urina de ratos infectados.
De difícil diagnóstico, a doença provoca sintomas inespecíficos que se assemelham à gripe ou dengue, como febre, calafrios, dor de cabeça e dor no corpo.
A leptospirose pode evoluir para a forma grave em 5% a 15% dos casos e afetar diferentes órgãos, principalmente fígado e rins. Mais raramente, pode ocorrer uma síndrome de hemorragia pulmonar, com taxa de letalidade superior a 50%.
A rChi2
Criado pelo grupo da pesquisadora Ana Lúcia Tabet Oller Nascimento, do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan, o teste utiliza uma proteína quimérica recombinante e sintética, denominada rChi2. Ela é composta por fragmentos das 10 principais proteínas de superfície da bactéria Leptospira - as que o sistema imunológico detecta mais rápido durante uma infecção.
A rChi2 foi purificada e testada em diagnóstico sorológico do tipo ELISA, que avalia a presença de anticorpos no soro de pacientes por meio da reação com antígenos. A proteína foi reconhecida por anticorpos tanto no início da doença, quando o teste padrão deu negativo, como na fase de recuperação, em 75% e 82% das amostras. O novo diagnóstico também mostrou 99% de especificidade, não apresentando reação cruzada com outras doenças infecciosas como dengue, malária, HIV e Doenças de Chagas – ou seja, ele detecta especificamente os anticorpos contra leptospirose.
Obstáculos do teste clássico
No teste clássico, o soro do paciente é colocado em contato com Leptospiras vivas que se aglutinam na presença de anticorpos, indicando um resultado positivo. Só que demora mais de 10 dias para o paciente produzir esses anticorpos aglutinantes, dificultando a identificação precoce da doença.
Além disso, a complexidade do teste, por exigir uma grande coleção de bactérias Leptospiras vivas e uma habilidade significativa dos técnicos indicam obstáculos na execução deste teste, o MAT, sendo realizado apenas em laboratórios de referência, reduzindo o acesso a ele.
Próximos passos
Futuramente, os passos seriam desenvolver teste rápido (semelhante ao da Covid-19), utilizando a proteína quimérica. Nesse caso, em vez de secreção nasal seria utilizado urina ou sangue.
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