30/01/2025
Prevenção contra a Dengue
O surto de dengue que atinge o Brasil em 2024 é um dos mais graves já registrados, evidenciando a profundidade dos desafios enfrentados pelo sistema de saúde pública do país. Até o início de outubro, foram contabilizados 6,5 milhões de casos prováveis, número que representa um aumento alarmante de 400% em relação ao mesmo período de 2023. O coeficiente de incidência, agora em 3.221,7 por 100 mil habitantes, ultrapassa em mais de dez vezes o limite estabelecido pela Organização Mundial da Saúde para que uma situação seja considerada epidêmica. Esse crescimento exponencial não reflete apenas números impressionantes, mas traduz vidas perdidas e uma pressão insustentável sobre os serviços de saúde, com mais de 5.500 óbitos confirmados e outros 1.591 sob investigação.
A dengue, causada pelos vírus DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, cuja fêmea encontra nas cidades brasileiras condições ideais para proliferação. Os fatores que impulsionam essa epidemia são interconectados. A urbanização acelerada e desordenada, o saneamento básico insuficiente e as condições climáticas, marcadas por chuvas intensas e temperaturas elevadas, contribuem significativamente para a expansão do mosquito. Durante o período chuvoso, que geralmente se estende de outubro a maio, a presença de criadouros se multiplica, mantendo o vetor em circulação e elevando os riscos de disseminação.
A dengue apresenta, em sua fase inicial, sintomas que incluem febre alta, dor de cabeça, dores musculares e articulares, náuseas, vômitos e manchas vermelhas na pele. Estes sinais, embora debilitantes, muitas vezes levam à recuperação espontânea entre cinco e sete dias após o início. No entanto, uma parcela dos casos pode evoluir para formas graves, caracterizadas por sintomas como dores abdominais contínuas, vômitos persistentes, sangramentos e alterações do sistema cardiovascular. Essas manifestações severas, se não tratadas de forma imediata, podem levar ao choque hemorrágico ou à falência de órgãos, configurando quadros de alta letalidade.
Apesar da disponibilidade de uma vacina contra a dengue, o controle do vetor continua sendo o principal método de enfrentamento. Medidas simples, como eliminar criadouros, tampar recipientes que acumulam água, limpar terrenos baldios e usar telas em portas e janelas, têm papel fundamental na prevenção. Além disso, o uso de repelentes e roupas que cubram boa parte do corpo são estratégias recomendadas para proteção individual. Contudo, a verdadeira mudança depende de políticas públicas efetivas, que garantam investimentos em infraestrutura e educação sanitária para empoderar as comunidades no combate ao mosquito.
Em casos suspeitos, o diagnóstico e o acompanhamento médico são cruciais. O tratamento é essencialmente voltado à reposição de líquidos para evitar desidratação, e os pacientes devem ter acompanhamento rigoroso para monitorar possíveis sinais de alarme. Automedicar-se com anti-inflamatórios, como ibuprofeno e aspirina, deve ser absolutamente evitado, pois esses medicamentos podem agravar o quadro, aumentando o risco de hemorragias. A atenção aos sintomas graves e a busca rápida por assistência médica podem fazer a diferença entre a vida e a morte.
A epidemia de dengue em 2024 não é apenas um episódio isolado; é um reflexo de fragilidades estruturais que requerem resposta imediata e coordenada entre governo, setor privado e sociedade. Mais do que nunca, o saneamento básico, o planejamento urbano e a conscientização pública são ferramentas indispensáveis para conter a doença. O enfrentamento dessa crise depende da colaboração de todos, não apenas para deter o vetor agora, mas para construir um futuro onde epidemias como esta não mais encontrem espaço para se repetir. A luta contra a dengue é, acima de tudo, um chamado à responsabilidade coletiva.
Para mais informações acesse:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue
https://www.cofen.gov.br/dengue-aumentou-400-no-brasil-em-2024-em-comparacao-ao-ano-passado/
Outras Notícias
29/01/2025
Palestra: "TRPC5 cold sensing: Teeth and Beyond"
27/01/2025
OPORTUNIDADE: Abertas as inscrições para o 19° Congresso Internacional de Imunologia
Saiba mais abaixo
27/01/2025
Juliana Toller explica pesquisa sobre Reprogramação Metabólica de Macrófagos e Produção de IL-10 via PKM2
Venha assistir!
23/01/2025
Estudante da Universidade Federal de Pernambuco é selecionada estagiar em Programa de Estágio promovido pela Academia Brasileira de Ciências
Saiba mais!
Todas Notícias