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30/01/2024

Ribeirão Preto recebe certificado pelo fim da transmissão vertical do HIV

Ribeirão Preto recebe certificado pelo fim da transmissão vertical do HIV

Reconhecimento do Ministério da Saúde saiu no final do ano passado; Ribeirão Preto não possui recém-nascidos infectados pelo HIV desde 2017

Um esforço conjunto de iniciativas que envolvem diversos órgãos municipais e estaduais, incluindo o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP, permitiu a eliminação da transmissão vertical do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) em bebês recém-nascidos na cidade desde 2017 e com isso receber o certificado concedido pelo Ministério da Saúde. Para esse cenário Ribeirão Preto precisou cumprir protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o que levou seis anos para acontecer.

Maria Célia Cervi- Foto: ResearchGate

A pediatra Maria Célia Cervi, docente da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e coordenadora do serviço de Infectologia Pediátrica do HC-FMRP, conta que a transmissão compulsória pode ser erradicada quando se tem o controle completo do processo, o que em Ribeirão Preto foi sendo feito ao longo do tempo com várias estratégias. “Quando se consegue esse controle, vem a certificação, que dura dois ou até três anos e tem que ser mantido esse índice de menos de 2%, ou seja, que menos de dois bebês em 100 recém-nascidos em Ribeirão Preto tenham o vírus.”

Outro ponto importante, é um dos métodos que o HC-FMRP adotou para eliminar o contágio do HIV. “As mães tomavam a zidovudina (medicamento antirretroviral) na gestação, na hora do parto e depois era dado o xaropinho para o bebê. Então esse medicamento trouxe uma redução significativa na taxa. Isso ocorre porque esse vírus pode se tornar resistente aos remédios, se as medicações não tiverem uma dose efetiva para controle da carga viral”, explica.

Maria Célia acrescenta que as mães são encaminhadas para o HC-FMRP, para o atendimento e acompanhamento de crianças que foram expostas ao vírus HIV durante a gestação, para que o parto seja realizado com todos os cuidados dentro de um hospital. “Nós acompanhamos essas crianças que nascem no HC-FMRP, porque é a referência para parte de mães infectadas por HIV até um ano ou um ano e meio, se necessário, para vermos o desenvolvimento, o crescimento e os efeitos. Todo esse tratamento é preventivo e, principalmente, para documentar que a criança não foi infectada, então esses dados são de notificação compulsória ao Ministério da Saúde e OMS.”

Após o parto, ainda existem etapas para a criança não contrair o vírus, segundo a pediatra. “Nos primeiros seis meses, a criança vem de mês a mês para ver o ganho de peso e o uso adequado de fórmula alimentícia, porque é contraindicado aleitamento materno. Também é verificada a adesão aos medicamentos, principalmente no primeiro mês que o bebê nasce.”

 

Certificação

Mônica de Arruda Rocha, coordenadora do Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), Aids, Tuberculoses e Hepatites Virais da Secretaria Municipal da Saúde, reafirma o critério de acompanhamento da mulher desde o início da gravidez para o recebimento da certificação. “O monitoramento da mulher vai desde o início da gravidez até o parto. Essas ações foram estabelecidas para que a gente pudesse chegar ao momento de não ter mais a transmissão do HIV da mãe para o bebê.”

Mônica de Arruda Rocha – Foto: Arquivo Pessoal

Esse momento foi 2017, diz Mônica, quando já se constatou que Ribeirão Preto não registrou nenhum caso de transmissão vertical, ou seja, nenhum bebê nasceu com a doença transmitida pela mãe na gestação ou no parto. Assim, em dezembro do ano passado, a cidade foi certificada pelo Ministério da Saúde em consonância com os critérios da eliminação da transmissão vertical em bebês. O HIV afeta rapidamente o sistema imunológico, alterando o ácido desoxirribonucleico (DNA) do corpo humano, ele é o maior causador da aids. 

Maria Célia explica a demora de seis anos para Ribeirão Preto conseguir o certificado. “São analisados diferentes dados e Ribeirão Preto, desde 2017, tinha uma taxa menor que 2% de infecção e a pandemia postergou a certificação. Mas o desempenho sempre ficou nesse patamar, abaixo de 2% de recém-nascidos infectados.”

A docente também explica o impacto que essa certificação possui para a cidade e para as gestantes do município. “O impacto que isso tem é o bom desempenho na atuação na Atenção Primária, e a alegria depois de um ano e pouco em darmos a alta para o bebê e dizermos à mãe que ele não corre mais o risco de se contaminar. Isso nos obriga a manter esse nível, de taxas de atendimento e de cuidado para o usuário do SUS e para os pacientes da rede privada.”

 

Reportagem replicada do Jornal USP: https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/ribeirao-preto-recebe-certificado-pelo-fim-da-transmissao-vertical-do-hiv/#:~:text=Ribeir%C3%A3o%20Preto%20recebe%20certificado%20pelo,do%20HIV%20%E2%80%93%20Jornal%20da%20USP

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