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15/03/2021

Tamara e o CRID são capa do JEM de março!



A entrevista de hoje é com a pesquisadora Tamara Rodrigues, vinculada ao Laboratório de Imunidade Inata e Patogênese Microbiana (Zamboni Lab) e ao CRID. Em plena na semana de homenagem as pesquisadoras do CRID, a Tamara teve a satisfação de receber um retorno do Journal of Experimental Medicine, informando que sua pesquisa iria figurar na capa da edição de Março.

Segue nossa entrevista realizada no último domingo, 14 de março, 2021.

Flavio: Bom dia Tamara, como vai? Antes de tudo, parabéns pela capa do JEM!! É o tipo de e-mail que chega no meio do dia para abrir aquele sorriso né?  Conta um pouco pra gente sobre quem é a Tamara e o que significa ser capa do JEM?

Tamara: Obrigada Flávio. Eu sou aluna de doutorado pelo Programa de Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto sob orientação do Prof. Dario Zamboni. Ser capa do JEM significa o reconhecimento da importância do nosso trabalho realizado durante o ano de 2020 e uma oportunidade de maior divulgação do mesmo. Para nós que fazemos pesquisa, essa valorização e divulgação do nosso trabalho é extremamente importante para o alcance da sociedade e nos permite acreditar que estamos no caminho certo na busca de um melhor entendimento dos processos inflamatórios envolvidos no desenvolvimento da COVID-19. Além disso, gostaria de agradecer ao Dr. Ronaldo Martins e a doutoranda Keyla Sá, que realizaram os ensaios de imuno-histoquímica em tecidos de pulmão de pacientes, incluindo aqueles que geraram a foto de capa selecionada pela revista. Esse reconhecimento é de toda uma equipe que trabalhou unida em busca de um trabalho robusto e relevante.

Flavio: Entendi Tamara, realmente a validação por um periódico desse nível é um indicativo da robustez e seriedade de toda uma equipe.  E a que você atribuiu a seleção da capa do JEM? Além do fato de ser uma pesquisa relacionada a COVID-19. O que a figura da capa significa?

Tamara: A figura trata-se de uma imagem de imuno-histoquímica que demonstra a presença do inflamassoma de NLRP3 (em laranja) em tecido pulmonar de pacientes que foram a óbito pela COVID-19. Acredito que a relevância fisiológica dessa imagem pioneira na demonstração da expressão do inflamassoma de NLRP3 no pulmão de pacientes com COVID-19 e mais importante, a associação de produtos do inflamassoma com a gravidade da doença foram fatores que podem ter contribuído para a seleção da imagem para a capa do JEM.


Flavio: Aproveitando que estamos falando da sua pesquisa, você consegue me explicar um pouco a sua pergunta/ objetivo? E como isso se alinha ao escopo do CRID?
Tamara: Legal Flavio, vamos lá, é sabido que os pacientes com COVID-19 possuem uma resposta inflamatória exacerbada, com liberação de citocinas inflamatórias, culminando com uma inflamação sistêmica. Por esse motivo, o nosso laboratório, liderado pelo prof. Dario Zamboni, que já tem estudado há alguns anos a inflamação no contexto de outras doenças infecciosas causadas por bactérias e protozoários, buscou contribuir para o melhor entendimento da patogênese da COVID-19. 

 


Fonte: Image © Rodrigues et al., 2020. https://doi.org/10.1084/jem.20201707

 

A nossa pergunta nesse cenário é se e quais inflamassomas são ativos em pacientes com COVID-19 e como eles participam do desenvolvimento da doença. O inflamassoma, como próprio nome sugere, é uma plataforma de proteínas e, uma vez ativado, culmina com a liberação de citocinas inflamatórias e morte celular inflamatória. Dessa forma, ao investigar se o inflamassoma é ativo em pacientes com COVID-19 moderados e graves, contribuímos para um entendimento dos processos inflamatórios que favorecem o desfecho clínico doença. Uma vez que identificamos a atuação do inflamassoma na patogênese na COVID-19, adicionamos, dessa forma, um possível alvo terapêutico para a doença. 

A nossa pesquisa, liderada pelo Prof. Dario Zamboni, busca compreender um mecanismo inflamatório afim de facilitar o desenvolvimento de estratégias terapêuticas no contexto de doenças infecciosas. Portanto, fazemos parte do CRID (Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias), que tem sido muito importante para o desenvolvimento dos nossos projetos.

Laboratório de Imunidade Inata e Patogênese Microbiana (Zamboni Lab). Foto tirada em 2019.

Flavio:Tamara, aproveitando que você pontuo novamente esses dois tópicos, ou construtos, explica pra gente que não somos necessariamente da área, o que significa um "alvo terapêutico" 
Tamara: Um alvo terapêutico consiste em uma molécula que é sabidamente importante para o desenvolvimento da doença e, dessa forma, pode ser modulada com um fim terapêutico.  Como mencionei, o inflamassoma ativo leva a liberação das citocinas inflamatórias IL-1β e IL-18, que favorecem a inflamação exacerbada e contribuem para a gravidade da doença em pacientes com COVID-19.

Flavio: E a melhor compreensão desses mecanismos tem um potencial de implicação prática enorme, correto?
Tamara: Sim, uma vez que já existem fármacos aprovados que atuam diretamente no inflamassoma ou nos seus produtos finais. Além disso, o nosso estudo traz a possibilidade de utilização do inflamassoma como um biomarcador para pacientes com maior risco de desenvolvimento de quadros graves de COVID-19.

Flavio: E para além da COVID-19 também né? Esses mesmos marcadores podem ser usados pra identificar alvos terapêuticos em outras doenças?
Tamara: Sem dúvida, Flávio! O nosso grupo já tem investigado há alguns anos o inflamassoma como alvo terapêutico no contexto de outras doenças infecciosas como a leishmaniose. Nesse cenário, o primeiro trabalho do grupo foi publicado em 2013 pelo Djalma e colaboradores e demonstrou a importância do inflamassoma e seu principal produto, IL-1β, no controle da doença em modelos experimentais com camundongos deficientes para componentes do inflamassoma, fortalecendo a ideia de que esse complexo de proteínas pode ser um potencial alvo terapêutico para o tratamento da leishmaniose. Além disso, atualmente nosso grupo possui um projeto bastante importante de screening que fármacos, incluindo aqueles que atuam no inflamassoma, para o tratamento da leishmaniose, liderado pela pós doc Letícia Almeida e financiado pelo CRID..

Flavio: Tamara, mais uma vez parabéns pela pesquisa e obrigado pelo seu tempo. Caso as pessoas desejem saber mais sobre a sua pesquisa, como elas podem ter acesso às publicações e ao seu perfil?
Tamara: Agradeço a oportunidade de divulgar um pouco o nosso trabalho. Caso desejem saber mais, deixo aqui o meu perfil do lattes e redes sociais.

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0338041220929009

Linkedin: Tamara Rodrigues

Twiter: @tamrodrigues1

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4968-5384

Email: tamararodrigues@usp.br

Laboratório de Patogenicidade Microbiana e Imunidade Inata (Prof. Dario Zamboni)

Entrevistada: Tamara Silva Rodrigues, Doutoranda pela FMRP-USP
Matéria realizada por: Flavio Martins (CRID - Difusão e Ensino) e Andreza Urba (Laboratório de Inflamação e Dor - LID) 

 

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